No dia 22 de maio tivemos mais um encontro do programa de Formação Continuada que a SEEDUC - RJ implantou para os coordenadores do Programa Brasil Alfabetizado de vários pólos do estado do RJ, sob supervisão do NUEC - Núcleo de Educação e Cidadania da Universidade Federal Fluminense. O de hoje foi particularmente especial para nós, pois ocorreu aqui na cidade de Cabo Frio! Quem recepcionou o evento foram os professores do CIEP 150 Prof. Amélia F. Gabina dos Santos. Deram um show de organização e dedicação à causa da alfabetização! Este post é principalmente para agradecer a todos tanta receptividade e boa vontade: professoras Nádia e Vânia - orientadora tecnológica que assessorou toda a parte multimedia - e as funcionárias superprestativas e dedicadas.
Quem ministrou o curso desta vez foi o prof. Evaldo Bittencourt. O tema foi "EJA e o mundo do trabalho". Vários pontos foram abordados:
Para se falar em trabalho, em primeiro lugar retomamos a história do nosso aluno trabalhador de um modo bastante emocionante, com o texto A Triste Partida, do Patativa do Assaré. Clique ao lado e visite o link para ler o texto e ver o que eu quis dizer com emocionante... vimos assim, uma faceta do mundo do trabalho bastante cruel, onde a sua busca se torna uma questão de sobrevivência, onde as opções são inexistentes e as escolhas diante disso se tornam bastante difíceis, como o afastamento da terra natal, e, junto com ela, seus valores, referenciais, seus cheiros e gostos.
Partimos para a reflexão sobre a experiência no mundo do trabalho. O texto utilizado foi uma redação que se conta ter sido feita para um processo de seleção da Wolksvagen. Vale a pena clicar no link ao lado para ler. Resumindo, ela traz uma ampliação do conceito de experiência profissional que se dá apenas no mundo do trabalho, para uma experiência de vida. Ou seja, traz a vida como um fator importante e essencial que não deve estar excluído no mundo do trabalho.
Neste ponto fomos conduzidos a pensar no mundo do trabalho contemporâneo, as relações humanas e potencialidades técnicas necessárias. E, sobretudo, de como o sistema educacional está lidando com esta importante faceta do ser humano, que é o de ser trabalhador. Constatamos uma realidade cruel nas grandes empresas capitalistas, que visam apenas a preparação técnica dos indivíduos, deixando muitas vezes de lado a sua humanidade, uma vez que estão inseridos num processo de trabalho alienante em sua prática social.
Assim, baseados no texto de Yamasaki e Silva [A Educação de Jovens e Adultos e o Mundo do Trabalho, s.d.] chegamos à conclusão de que o paradigma que informava as relações entre educação e economia, desde a década de 50 do século passado, era o da valorização da formação técnica dos indivíduos, que iriam usar este saber e aumentar a produtividade na economia nacional.
Porém, após todas as crises por que passou o mundo do trabalho, constatou-se que apenas este saber não é mais suficiente para preparar nossos alunos para o mercado de trabalho. Um modelo proposto por Paul Singer (2005), de economia solidária, confronta o modelo capitalista clássico, e apresenta condições mais humanas e possíveis de desenvolvimento para as classes populares: baseada na cooperação e na solidariedade, uma empresa solidária elimina a alienação do trabalhador com o fruto de seu trabalho, bem como as hierarquias rígidas de superiores e inferiores e as relações desumanas na produção. Os ganhos e lucros, ao invés de serem apropriados de modo desigual e injusto, são repartidos e reinvestidos de modo racional, de acordo com a decisão dos trabalhadores em assembléia.
Enfim, o papel da educação, sobretudo a de Jovens e Adultos, é o de transmitir essas possibilidades para os trabalhadores que ingressam na vida estudantil. Deste modo, mostra-se concretamente uma possibilidade de mudança de vida, de condições, por parte do próprio trabalhador, que deixa de esperar a mudança de políticas governamentais em vão, e parte para uma construção ativa e consciente de sua própria vida.
Esta é a mesma atitude que se espera do alfabetizando em relação à continuidade de seus estudos. Sabe-se que a rede pública é deficiente na oferta de vagas para EJA. A compreensão de que esta situação pode mudar com uma atitude não passiva é fundamental. Saber que instâncias de poder estão envolvidas para que possam reclamar seus direitos, do poder executivo até o Ministério Público, é um conteúdo que deve ser transmitido pelos alfabetizadores populares.
Para completar a nossa alegria, a Coordenadoria Regional de Educação esteve em peso para dar todo apoio ao evento e à causa, participando das oficinas e dando a sua contribuição para a nossa construção do conhecimento. Um programa de alfabetização se torna mais forte com o apoio do máximo de instâncias de poder possíveis.
Avante Baixadas Litorâneas! Seguem alguns registros do evento de 22 de maio.
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