sexta-feira, 4 de junho de 2010

CIEP 272 - referência de EJA na região dos Lagos

Se o Brasil Alfabetizado funciona tão bem na nossa região - São Pedro da Aldeia, Cabo Frio, Arraial do Cabo e Búzios -, grande parte se dá pela nossa escola pólo e sua direção, sempre solícita pela causa. Cenário para muitas fotos, encontros, confraternizações, este post é para apresentar (e agradecer!)uma escola para lá de especial, a escola pólo do Brasil Alfabetizado. É de lá que são administrados os nossos recursos financeiros, formações continuadas e seminários. Uma sala foi exclusivamente reservada para guardarmos o nosso material de estudo e de trabalho - confira as fotos mais abaixo. A merenda, encomendada com cuidado pela diretora adjunta, é também estocada na cozinha do CIEP, onde as gentis merendeiras vigiam a nossa comidinha como se fossem delas! É porque há uma turma do Brasil Alfabetizado funcionando no CIEP, e todas elas adoram o programa, recomendando sempre aos vizinhos e amigos da comunidade ao redor, no Bairro São João, em São Pedro da Aldeia.

Dirigido pelo prof. Vanderson Peres e a prof. Gracy, o CIEP 272 - Prof. Gabriel Joaquim dos Santos - se tornou um ambiente acolhedor e aconchegante, desmentindo muitas vezes a opinião pública, que não acredita nos maravilhosos espaços pedagógicos contidos nestas construções. Pudera! Toda escola têm "a cara" dos diretores. E quem tiver o prazer de conhecer estes diretores verão o que isto significa. Eles nos fazem ter orgulho de nossas escolas públicas!

A maioria de seus alunos são alocados no programa da Educação de Jovens e Adultos - EJA, e por isso mesmo o CIEP "bomba" à noite. O interesse dos diretores no programa está de acordo com o objetivo máximo do Programa do Brasil Alfabetizado - matricular todos os alunos formados pelo Brasil Alfabetizado no CIEP, um dia: "eles são a nossa clientela", afirma o prof. Vanderson. A mágica da convivência no local, a relação entre professores e alunos, só podem ser imaginados e compreendidos por quem já ensinou ou ensina neste segmento escolar.

Um ambiente permanente de harmonia perpassa os corredores, onde se destacam o cuidado com a limpeza e a estética, importantíssimos aliados de uma boa produção intelectual. É uma alegria estarmos lá em todas as nossas formações continuadas! Ficamos sempre numa sala com ar condicionado, TV com dvd player, datashow, telão... quando precisamos, nos dirigimos para a sala de informática fazer pesquisa na internet. Isto tudo contribui para que nossas reuniões sejam para lá de dinâmicas. Precisamos nos esforçar para terminarmos na hora, mas sempre avançamos ao menos meia hora... será que em algum lugar existe uma recepção melhor do que a nossa?

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Formação Continuada - Brasil Alfabetizado - 22 de maio de 2010 - Cabo Frio - RJ

No dia 22 de maio tivemos mais um encontro do programa de Formação Continuada que a SEEDUC - RJ implantou para os coordenadores do Programa Brasil Alfabetizado de vários pólos do estado do RJ, sob supervisão do NUEC - Núcleo de Educação e Cidadania da Universidade Federal Fluminense. O de hoje foi particularmente especial para nós, pois ocorreu aqui na cidade de Cabo Frio! Quem recepcionou o evento foram os professores do CIEP 150 Prof. Amélia F. Gabina dos Santos. Deram um show de organização e dedicação à causa da alfabetização! Este post é principalmente para agradecer a todos tanta receptividade e boa vontade: professoras Nádia e Vânia - orientadora tecnológica que assessorou toda a parte multimedia - e as funcionárias superprestativas e dedicadas.

Quem ministrou o curso desta vez foi o prof. Evaldo Bittencourt. O tema foi "EJA e o mundo do trabalho". Vários pontos foram abordados:

Para se falar em trabalho, em primeiro lugar retomamos a história do nosso aluno trabalhador de um modo bastante emocionante, com o texto A Triste Partida, do Patativa do Assaré. Clique ao lado e visite o link para ler o texto e ver o que eu quis dizer com emocionante... vimos assim, uma faceta do mundo do trabalho bastante cruel, onde a sua busca se torna uma questão de sobrevivência, onde as opções são inexistentes e as escolhas diante disso se tornam bastante difíceis, como o afastamento da terra natal, e, junto com ela, seus valores, referenciais, seus cheiros e gostos.

Partimos para a reflexão sobre a experiência no mundo do trabalho. O texto utilizado foi uma redação que se conta ter sido feita para um processo de seleção da Wolksvagen. Vale a pena clicar no link ao lado para ler. Resumindo, ela traz uma ampliação do conceito de experiência profissional que se dá apenas no mundo do trabalho, para uma experiência de vida. Ou seja, traz a vida como um fator importante e essencial que não deve estar excluído no mundo do trabalho.

Neste ponto fomos conduzidos a pensar no mundo do trabalho contemporâneo, as relações humanas e potencialidades técnicas necessárias. E, sobretudo, de como o sistema educacional está lidando com esta importante faceta do ser humano, que é o de ser trabalhador. Constatamos uma realidade cruel nas grandes empresas capitalistas, que visam apenas a preparação técnica dos indivíduos, deixando muitas vezes de lado a sua humanidade, uma vez que estão inseridos num processo de trabalho alienante em sua prática social.

Assim, baseados no texto de Yamasaki e Silva [A Educação de Jovens e Adultos e o Mundo do Trabalho, s.d.] chegamos à conclusão de que o paradigma que informava as relações entre educação e economia, desde a década de 50 do século passado, era o da valorização da formação técnica dos indivíduos, que iriam usar este saber e aumentar a produtividade na economia nacional.

Porém, após todas as crises por que passou o mundo do trabalho, constatou-se que apenas este saber não é mais suficiente para preparar nossos alunos para o mercado de trabalho. Um modelo proposto por Paul Singer (2005), de economia solidária, confronta o modelo capitalista clássico, e apresenta condições mais humanas e possíveis de desenvolvimento para as classes populares: baseada na cooperação e na solidariedade, uma empresa solidária elimina a alienação do trabalhador com o fruto de seu trabalho, bem como as hierarquias rígidas de superiores e inferiores e as relações desumanas na produção. Os ganhos e lucros, ao invés de serem apropriados de modo desigual e injusto, são repartidos e reinvestidos de modo racional, de acordo com a decisão dos trabalhadores em assembléia.

Enfim, o papel da educação, sobretudo a de Jovens e Adultos, é o de transmitir essas possibilidades para os trabalhadores que ingressam na vida estudantil. Deste modo, mostra-se concretamente uma possibilidade de mudança de vida, de condições, por parte do próprio trabalhador, que deixa de esperar a mudança de políticas governamentais em vão, e parte para uma construção ativa e consciente de sua própria vida.

Esta é a mesma atitude que se espera do alfabetizando em relação à continuidade de seus estudos. Sabe-se que a rede pública é deficiente na oferta de vagas para EJA. A compreensão de que esta situação pode mudar com uma atitude não passiva é fundamental. Saber que instâncias de poder estão envolvidas para que possam reclamar seus direitos, do poder executivo até o Ministério Público, é um conteúdo que deve ser transmitido pelos alfabetizadores populares.

Para completar a nossa alegria, a Coordenadoria Regional de Educação esteve em peso para dar todo apoio ao evento e à causa, participando das oficinas e dando a sua contribuição para a nossa construção do conhecimento. Um programa de alfabetização se torna mais forte com o apoio do máximo de instâncias de poder possíveis.

Avante Baixadas Litorâneas! Seguem alguns registros do evento de 22 de maio.

Depoimento de São Mateus - São Pedro da Aldeia

O Sr. José Francisco é um vitorioso. Assiste aulas diariamente em São Mateus, vai de bicicleta, seu meio de locomoção principal, chova ou faça sol. Lição de vida. É o que experimentamos todos os dias com o Brasil Alfabetizado.


Aproveite. Aprenda.


segunda-feira, 31 de maio de 2010

Conheça nossas alfabetizadoras - Marilene

Com a aproximação de uma nova etapa do Programa Brasil Alfabetizado, estamos inaugurando uma nova seção do blog - o "Conheça nossas alfabetizadoras"! São pessoas maravilhosas, que se dedicam de corpo e alma à causa da alfabetização. Acho que não precisamos falar mais nada a partir daí.



São Pedro da Aldeia, 14 de abril de 2010.

Olá para todos!

Meu nome é Marilene, tenho 48 anos, nasci na Ilha do Governador no Rio de Janeiro e há 24 anos moro em São Pedro da Aldeia. Sou casada, tenho um casal de filhos. Me formei em professora em 1981, mas sempre dei aulas de reforço em casa. Terminei a faculdade de Pedagogia ano passado e através de uma funcionária da faculdade, que já foi alfabetizadora do Brasil Alfabetizado, conheci o projeto. Me interessei, procurei a Coordenadoria de Educação Estadual em Cabo Frio e consegui ser parte do projeto.
Minha turma é muito esforçada e divertida. É formada por pessoas de 29 até 78 anos. Eles têm muita garra e determinação. Eu tento na medida do possível suprir suas curiosidades, dando atenção e carinho a todos, porque todos são muito especiais para mim. Eles trabalham o dia todo e ainda têm forças para à noite estarem juntamente comigo aprendendo e se atualizando.
Eles são um exemplo de força de vontade e coragem. Se eu soubesse que trabalhar com adultos era tão bom, já teria feito este trabalho há muito tempo!
Venham fazer parte de minha turma! Nela, além de vocês encontrarem conhecimento, vão encontrar carinho e amizades. Estou lhes esperando de braços abertos!!
Profª Marilene

sábado, 22 de maio de 2010

Encontro Estadual Brasil Alfabetizado - SEEDUC - RJ - Alfabetizadores e Alfabetizandos

No dia 21 de maio de 2010 realizou-se um Seminário do Brasil Alfabetizado no estado do Rio de Janeiro. Desta vez foi um encontro diferente, pois tivemos a presença não só de coordenadores e implementadores, como de alfabetizadores e alunos alfabetizandos de todo o estado. Ocorreu na fronteiriça e simpática cidade de Bom Jesus de Itabapoana. Quem não conhece deve correr para conhecer.

O "povo" daqui das Baixadas Litorâneas (Giana - implementadora, Lucimone - alfabetizadora e Maria da Ajuda- alfabetizanda) ficou hospedado no Espírito Santo - Bom Jesus do Norte. Mas não fica longe não: é só atravessar uma pontinha linda, e lá estávamos de volta ao estado do Rio de Janeiro. Nos divertimos muito passando de um estado a outro pela ponte.

O encontro se realizou no maravilhoso C.E. Padre Mello. A recepção foi muito calorosa, e o ponto alto foram os quitutes de sobremesa, com doces variadíssimos feitos pelas habilidosas mãos das doceiras locais.

Tivemos momentos para lá de emocionantes. O ponto alto foi quando invertemos os papéis e os alunos alfabetizandos ocuparam o espaço de nossos educadores. Aprendemos a fazer milhares de coisas lindas com reciclagem de tecidos, de papel jornal, garrafas pet, comidinhas típicas e muito mais! As professoras faziam a ponte pedagógica de como cada atividade pode ser aproveitada em sala de aula para impulsionar o processo de alfabetização. Ao final, nos reunimos para sistematizar nossas experiências e ouvimos depoimentos dos alunos com o seu processo de alfabetização. Qualquer descrição deste momento em forma de poesia, literatura, pintura ou música não chega perto da quantidade de emoção produzida naquele auditório...

Chega. Agora, uma sequência de slides para ilustrar e deixar na memória e na história este dia mais lindo de maio.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

PROJETO DE ALFABETIZAÇÃO - BAIXADAS LITORÂNEAS I - BRASIL ALFABETIZADO 2009 / 2010

Logo em seguida à nossa formação continuada, chegamos à conclusão de que o principal neste curto processo de alfabetização proposto pelo programa Brasil Alfabetizado - 8 meses - poderia não ser suficiente para alfabetizar todos de modo completo. A principal ênfase de um possível projeto global para nossa região seria desenvolver uma disposição nos alunos de modo a manter a chama e a vontade de ler e escrever sempre acesa, e cada vez mais forte. O que Paulo Freire sabia fazer muito bem - desenvolver a paixão pelo conhecimento. Chamamos esta chama de sensibilização, pois a nossa tarefa seria justamente sensibilizar os alfabetizandos para a importância, inclusive histórica (e porque não para a delícia), de aprender a ler e a escrever.

Conhecemos casos de pessoas que, quando querem, se alfabetizam sozinhas. Recentemente um filme, chamado "O Leitor" (com a divina Kate Winslet), mostrou um caso de uma pessoa que se alfabetizou sozinha numa prisão. À parte as particularidades históricas reais de cada país, conhecemos também casos de pessoas que se alfabetizam sozinhas no Brasil. Então o processo de alfabetização, como qualquer processo de conhecimento, é desencadeado pelo vínculo de prazer do ser humano. Transformar a alfabetização em objeto de prazer, eis a nossa proposta. Assim garantimos que, com ou sem os programas governamentais, estes seres humanos não cessarão sua busca pela passagem só de ida ao mundo letrado.

Abaixo, um simples projeto elaborado por nós logo no início da etapa:


Trabalhamos este projeto de várias formas nas formações continuadas. Aos poucos vamos publicando estas formas. Esperamos siceramente que inspire mais pessoas a entrarem nesta tarefa histórica, que é alfabetizar nosso povo.

Avaliação das fases da escrita - tabela baseada em Emília Ferrero


Em nossa formação continuada, vimos uma tabela bacana para avaliar as fases da escrita dos alunos, seguindo a concepção de Emília Ferrero. A tabela foi retirada de http://revistaescola.abril.com.br/pdf/tabela-sondagem-alfabetizacao.pdf

Segue abaixo um exemplo de como esta avaliação pode ser feita, a partir do texto de Dona Deolinda, aluna da prof. Angélica, que ministra aulas na Comaq, em Boca do Mato - Cabo Frio. Fiz anotações a lápis sobre uma possibilidade de avaliação segundo estes critérios: